A mulher e o rato


A dor que me rasga o peito

Que me afoga em lágrimas 

E sufoca meu corpo já meio sem jeito


O grito que você calou

Com a força bruta do seu punho

O mesmo punho que arrancou de mim

Minha voz, meus desejos, meu pranto, meu luto 

Silenciados pelo medo

Atravessados pelo amor 

Que um dia eu pensei merecer 

E que hoje me lembro com dor 


Você não foi o primeiro a me manipular 

E eu não fui a única a aceitar

Só mesmo uma alma tão vil 

Que me pergunto se há alma

Se há algo aí dentro desse peito oco e esse olhar vazio e faminto 

Que não a dura realidade 

De um mundo cheio de sanguessugas como você 

E de gente como eu


Onde bondade é tolice

Onde maldade não se pune

Onde empatia é fragilidade 

Onde poder tem gênero 

Onde dinheiro tem cor

Onde amor é raridade 

Onde confiança é luxo

Ao qual não se pode dar 


Eu confiei na pessoa errada 

E a única a pagar pelo crime sou eu

Sob a pena de viver no mesmo mundo que você 

Eu desmontada aos pedaços 

Você com a cabeça erguida e ego inflado

Eu desejando que um dia a roda-gigante faça a sua parte

E te leve de volta pro esgoto de onde você saiu


Mas o mundo não é para pessoas como eu

Ele é feito para ratos como você 

Se alimentando da bondade alheia enquanto destrói tudo a sua volta

Deixando restos podres, sujeira e um rastro longo de sangue 


Então me deixo sangrar porque me sinto viva

E enquanto meu coração pulsar 

Eu estarei aqui pra contar 

A história da mulher e o rato 

Onde o final eu ainda hei de escrever 

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