Ela chegou primeiro.
Sempre chegava.
Sentou no canto do seu bar favorito,
o copo suado entre os dedos.
Tinha olhos de incêndio, vivo, intenso.
Ele chegou depois.
Sempre depois.
Desajeitado, meio sem saber,
mas com um sorriso largo,
e um olhar cativante.
Difícil não se perder.
Ela falava muito,
com palavras afiadas,
ideias grandes,
sentimentos maiores ainda.
Ele falava pouco,
mas quando falava,
era um trovão contido,
uma avalanche prestes a desabar.
Ela queria vento no rosto, estrada infinita.
Ele ainda tropeçava nas próprias amarras.
Ela queria amor sem corrente,
ele não sabia se segurava ou soltava.
Se esbarravam nos verbos,
no tempo errado, no espaço curto.
Os dedos quase se tocavam,
mas sempre faltava um instante,
uma certeza, um passo.
E quando ela se virou,
pronta para ir sem olhar pra trás,
ele chamou seu nome.
Baixo, indeciso.
E foi exatamente por isso
que ela não parou.
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