Ela era impulsiva. Todos os seus atos tinham pelo menos um quê de imprudência. A cada passo, dois tropeços, e sempre um colo pra amortecer a queda. Sim, ela tinha sorte.
Meio desajeitada, dançava conforme a música, mas sempre no próprio ritmo. Dançava sozinha ou acompanhada. Preferia que fosse acompanhada. Sim, ela se sentia sozinha.
Ela era sensível. Com um domínio dos sentidos fora do comum. Percebia as sensações e impressões externas facilmente. Sim, ela sofria.
Um tanto instável, ela procurava por um chão. Uma forma de se manter firme e sólida. Mas qualquer sopro de calor ou uma brisa fria, eram responsáveis por sua dissolução. Sim, ela era vulnerável.
Ela era apaixonada. Movida pelo seu entusiasmo, a paixão era elemento essencial para sua existência. E muitas vezes se entregava demais. Sim, ela colecionava decepções.
Bastante dócil, ela gostava que sentissem prazer ao estar em sua companhia. Respeitosa e boa ouvinte, era capaz de dar opiniões mesmo que contrárias ao pensamento alheio de forma carinhosa. Sim, ela gostava da verdade, mas não de grosserias.
Ela era suave. Ou tentava ser. Aquele que a tirasse do eixo, podia até receber seu perdão, mas perdia sua companhia. Sim, ela sabia ser forte.
Maior parte do tempo passava fazendo perguntas, desejando simplesmente saber. Poucas vezes conseguia respostas. Quando as conseguia, recebia as melhores respostas, e até de perguntas nunca feitas. Sim, ela era curiosa.
Ela era metamórfica. Pensava tanto que questionava os próprios conceitos. Acabava sempre mudando de ideia, percebendo que nada na vida é imutável. Sim, ela era um pouco melancólica.
Gostava da vida social. Via ali não só entretenimento passageiro, mas também uma chance de observar e participar de experiências antropológicas. Era sua válvula de escape, uma oportunidade de entrar num mundo paralelo. Sim, ela gostava da adrenalina de perder o controle – mesmo que por uma noite.
Ela era livre. De espírito. Mas presa de coração.
Por Paola Príncipe
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