Ele era desses que acreditava que ninguém é de ninguém. Uma
vida livre era o lema que o resumia. Pegava e desapegava na mesma facilidade com
que a areia descia na ampulheta do tempo.
Ele não gostava de nada muito retilíneo e antiquado. Rejeitava
toda previsibilidade por acreditar que a graça das coisas estava nas sensações
desencadeadas pelas primeiras vezes.
Ele gostava de começos, mas nunca nomeava um meio ou fim. E
largou inúmeros laços, desatados por descuido do tempo – e por não
ter coragem de cortá-los.
Ele era aquele cara
aparentemente comum, típico idealista, bom caráter, ansioso e confuso,
mas humilde e de bom coração. Não percebia o fascínio que despertava com seus
discursos sobre justiça e liberdade.
Ele preferia suco de laranja a cerveja, mas não rejeitava um
bom vinho a dois.
Ele era aquele cara que você gostaria de ter como melhor
amigo e desejaria ter por, ao menos, uma noite.
Ele tinha uma sensibilidade incomum ao seu gênero, mas não
se sentia inferiorizado por isso. Usava dessa habilidade para manter as pessoas
queridas ainda mais por perto.
Ele era desconfiado. Questionava sobre as formas de amar e,
por medo, subestimava o poder de um “eu te amo” bem dito.
Ele, já incerto do que era certo, teve um lapso de coragem. Se
livrou de tudo aquilo que sempre pregou e se entregou. Você, desatenta, não
viu. E ele foi.
Por Paola Príncipe
Gosto da forma como você escreve. Parabéns pelo texto! =)
ResponderExcluirObrigada! =)
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