Eu ainda me pego olhando para o celular esperando por um
sinal teu. “Visto por último hoje às 6:27”. Penso com quem você poderia estar a
essa hora de um domingo de manhã e me embrulha o estômago. Cada vídeo estúpido
que recebo nos meus 700 grupos do Whatsapp e todos os flertes dos meus outros
passatempos, eu trocaria por um “oi, como vc tá?” seu.
Pois é. Eu tenho colecionado novas paixões. O coração bate
forte durante uma semana, e bastam três cervejas no final de um dia difícil para
eu olhar de novo meu celular e me irritar com todas as mensagens e ligações que
não são suas. Cadê você com seus sermões sobre a vida? Cadê você me obrigando a
tirar o e-mail do trabalho do celular? Cadê você me chamando pra viver?
Eu ainda me pergunto em que momento deixamos nossa sintonia
morrer. Eu voltaria para esse segundo e mudaria tudo se fosse possível. Mas não
é. Ou é?
Faz tanto tempo que não sei onde nos perdemos. Ou onde nos
encontramos. Queria ser quem eu pareço que sou. Pé no chão, centrada, realista.
Mas a verdade é que eu tenho uma alma romântica filha da puta. Não sei como
você não percebeu isso logo de cara. Poderia ter me poupado de te entregar essa minha mesma alma romântica, minha cabeça dura e meu coração desastrado – e com eles, algumas
crises de choro também.
Não esqueço nossas bebedeiras divertidas e as besteiras apaixonadas
que você costumava falar depois da terceira dose. Aliás, tão diferente do nosso
último encontro. Distantes mesmo na mesma cama.
Criamos distância quando desisti de insistir. Tivemos
romance, tivemos DR, tivemos sexo casual e agora temos reticências.
Não consigo mais me aproximar sem saber onde isso
vai dar – e imagino que você não tenha essa resposta também. Mas eu ainda acredito
que você possa me surpreender. Eu e essa minha alma romântica filha da puta.
Por Paola Príncipe
Publicado originalmente em www.garimppo.com.br
Comentários
Postar um comentário