A gente passa boa parte da vida buscando sossego. Naquelas férias que a gente resolve ir para uma ilha isolada, no silêncio do quarto, numa soneca vespertina na rede da varanda, numa relação madura, ou onde mais se possa encontrar aquela sensação de paz e pura tranquilidade. A gente corre tanto atrás desse sossego que quando ele chega, traz junto a si um tédio infinito. Isso porque nossa natureza nos impele a mantermos nossos corpos e mentes em movimento. Sempre.
Essa coisa de sossego deve se restringir apenas a uma boa noite de sono e olhe lá. Do contrário, nos tornamos seres sem graça com uma fisionomia acabada de puro marasmo. E, não, nem na velhice devemos nos entregar a total tranquilidade. Num estado de sossego geral que pessoa com mais de 70 anos vai querer continuar vivo? É um tamanho tédio que é melhor ir dessa pra melhor.
O estresse do dia a dia nos deixa tão de saco cheio que qualquer oportunidade para nos manter no conforto do sossego é tentador. O namoro de 5 anos que virou amizade faz tempo e você não tem coragem de terminar. O emprego que te trouxe estabilidade – e tédio – que você não consegue largar. As relações destrutivas que você tem apego e não consegue se desvencilhar. São situações onde o conforto traz a ilusão de ser algo bom por, simplesmente, ser familiar.
É nessas horas que a gente precisa de um “choque de vida”. Uma paixão avassaladora, uma viagem dos sonhos, um projeto pessoal e porque não um profissional também. Se jogar de cabeça nas oportunidades que passam diante de nossos olhos todos os dias e nós, confortáveis em nosso sossego, deixamos passar.
Manter nossos corpos e mentes estimulados é o que traz vida para dentro da gente. Por isso crianças são tão inquietas e curiosas enquanto nós, adultos, precisamos de óculos de grau para ver graça no cotidiano. Reconhecer os sopros de vida que deixamos de aspirar é tarefa diária. Hora de começar.
*publicado originalmente em garimppo.com.br
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